Tuesday, May 08, 2007

TERRORISMO POÉTICO

(...ou Síndrome Amélie Poulain)
"Dance de forma bizarra durante a noite inteira nos caixas eletrônicos dos bancos. Apresentações pirotécnicas não autorizadas. Land-art, peças de argila que sugerem estranhos artefatos alienígenas espalhados em parques estaduais. Arrombe apartamentos, mas, em vez de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Seqüestre alguém e o faça feliz. Escolha alguém ao acaso e o convença de que é herdeiro de uma enorme, inútil e impressionante fortuna – digamos, 5 mil quilômetros quadrados na Antártica, um velho elefante de circo, um orfanato em Bombaim ou uma coleção de manuscritos de alquimia. Mais tarde, essa pessoa perceberá que por alguns momentos acreditou em algo extraordinário e talvez se sinta motivada a procurar um modo mais interessante de existência. Coloque placas de bronze comemorativas nos lugares (públicos ou privados) onde você teve uma revelação ou viveu uma experiência sexual particularmente inesquecível etc. Fique nu para simbolizar algo.
Organize uma greve em sua escola ou trabalho em protesto por eles não satisfazerem a sua necessidade de indolência e beleza espiritual. A arte do grafite emprestou alguma graça aos horríveis vagões do metrô e sóbrios monumentos públicos – a arte-TP também pode ser criada para lugares públicos: poemas rabiscados nos lavabos dos tribunais, pequenos fetiches abandonados em parques e restaurantes, arte-xerox sob o limpador de pára-brisas de carros estacionados, slogans escritos com letras gigantes nas paredes de playgrunds, cartas anônimas enviadas a destinatários previamente eleitos ou escolhidos ao acaso (fraude postal), transmissões de rádio piratas. Cimento fresco...
A reação do público ou choque-estético produzido pelo TP tem de ser uma emoção menos tão forte quanto o terror – profunda repugnância, tesão sexual, temor supersticioso, súbitas revelações intuitivas, angústia dadísta – não importa se o TP é dirigido a apenas uma ou várias pessoas, se é “assinado” ou anônimo: se não mudar a vida de alguém (além da do artista), ele falhou. TP é um ato num Teatro da Crueldade sem palco, sem fileiras de poltronas, sem ingressos ou paredes. Pare que funcione, o TP deve afastar-se de forma categórica de todas as estruturas tradicionais para o consumo de arte (galerias, publicações, mídia). Mesmo as táticas da guerrilha Situacionista do teatro de rua talvez já tenham se tornado conhecidas e previsíveis demais.
Uma primorosa sedução praticada não apenas em busca da satisfação mútua, mas também como um ato consciente de uma vida deliberadamente bela – talvez isso seja o TP em seu alto grau. Os Terroristas-Poéticos comportam-se como um trapaceiro totalmente confiante cujo objetivo não é dinheiro, mas transformação. Não faça TP Para outros artistas, faça-o para aquelas pessoas que não perceberão (pelo menos não imediatamente) que aquilo que você fez é arte. Evite categorias artísticas reconhecíveis, evite politicagem, não argumente, não seja sentimental. Seja brutal, assuma riscos, vandalize apenas o que deve ser destruído, faça algo de que as crianças se lembrarão por toda a vida – mas não seja espontâneo a menos que a musa do TP tenha se apossado de você.
Vista-se de forma intencional. Deixe um nome falso. Torne-se uma lenda. O melhor TP é contra a lei, mas não seja pego. Arte como crime; crime como arte."
Hakim Bey
(adorei! hum, por onde hei-de começar?..)

4 Comments:

Blogger Taupter said...

Estava lurdo e os macos tavos
Lapavam e tucavam no vabo
Todos os savos estavam os borogravos
E os momos erevos estravabo


No sereno sertão da Palestina
Eu cantava num dia de finado
Uma vaca pastava no roçado
Um macaco comia uma menina
Um sargento entrava na usina
Um moleque "zarôi" vendia pente
Um cavalo chinês trincava os dente
Uma zebra corria atrás dum frade
Quer saber quanto dói uma saudade
Tenha amor, queira bem e esteja ausente


Considere-se atterrorizada, ó, minha primeira vítima de terrorismo poético!

3:56 AM  
Blogger ÁguaDiCoco said...

ahahah...terrorismo d+ esse aí..
gostei sobretudo do moleque "zarói" vendendo pente :D

2:33 PM  
Anonymous Anonymous said...

Fiquei curioso com o termo terrorismo poético e com o teu post (lembrei-me logo de uma espécie de anarquismo salutar e saudável que se torna cativante pela forma cm tenta sair do que está instituído e do curso normal que “temos” que seguir e cm fim último encontrar uma forma de felicidade tanto para nós mas mais direccionada para o outro, afinal a realização do outro e a sua felicidade tb devia ser a nossa, se ñ vivêssemos num mundo que praticamente nos obriga a olhar 1º para o nosso umbigo...mas acho que ñ andava mt longe do que ele queria dizer ou estou completamente a leste...), portanto fui investigar e encontrei uma entrevista do HAKIM BEY á High Times, de 2002, onde entre outra coisas ele define o conceito como:

"Por terrorismo poético eu entendo ações não-violentas em larga escala que podem ter um impacto psicológico comparável ao poder de um ato terrorista - com a diferença de que o ato é de mudança de consciência. Digamos que você tem um grupo de atores de rua. Se você chamar o que você está fazendo de "performance de rua", você já criou uma divisão entre o artista e a audiência, e você alienou de si mesmo qualquer possibilidade de colidir diretamente nas vidas diárias da audiência. Mas se você pregar uma peça, criar um incidente, criar uma situação, pode ser possível persuadir as pessoas a participar e a maximizar sua liberdade. É uma estranha mistura de ação clandestina e mentira (que é a essência da arte) com uma técnica de penetração psicológica de aumento da liberdade, tanto no nível individual quanto no social"

não queria ocupar tt, dscp, mas... cm ñ tenho jeito p poesia e o terrorismo ainda ñ é o meu forte (mas cm dizes no fim hum, por onde começar...) fica este "complemeto" ao teu post...

2:32 AM  
Blogger Cocas said...

Este comentário ainda é pro post anterior: ganda maluca!

Já trabalho e não tenho tido tempo pra acompanhar-te dia-a-dia...

Beijo. Essa estadia não está demasiado prolongada? :P

3:43 PM  

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